sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Este tempo que me inquieta





Ai…este tempo que me inquieta
e rouba as minhas emoções…
Qual a razão deste desassossego
se eu aqui à beira mar, descanso?

Ao olhar o brilho das águas
vêm à minha lembrança
outros tempos menos inquietos,
onde as minhas emoções eram livres
e eu na pujança da vida, sorria,
sorria à vida que me sorria…

Será que este tempo de agora
é também inquieto
e por isso se inquieta comigo,
ou serei eu, que nesta minha inquietude,
inquieto o próprio tempo?

Não sei responder,
nem sei se consigo pensar
vestido deste meu pensamento
em desassossego…

Sinto-me folha seca
perdida no meio dos ventos
voando aleatoriamente
em total desatino!

Gostaria de saber a razão
deste tempo que agora me envolve,
tanto desequilibra o meu sentir
e me deixa atónito e perdido
na profundeza das minhas emoções…

Talvez em algum outro tempo
eu vá encontrar as respostas
que agora faço, inquietamente…

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Sei que o vento voltará






Porque me fugiram as palavras
levadas pelo vento que por aqui passou,
sento-me neste chão frio da inquietude…
e pela janela aberta
deixo meu olhar viajar meus pensamentos
sobre o dorso do mar que me contempla,
até ao ensolarado horizonte
na ânsia de que alguma suave  brisa
me traga em cores diáfanas,
nas asas de alguma gaivota,
a maresia inspiradora
que  solte as amarras
do entorpecimento que me prende
e enche o vazio do meu sentir!

Mas nem escuto o grasnar da gaivota,
nem a maresia me inspira,
tampouco a brisa me traz o sol
nos braços de alguma melodia
que acalme  a minha melancolia!

Só me resta esperar…
Esperar que o vento volte,
traga tudo o que de mim levou,
em especial os meus pensamentos…
Sem eles, fico despido e vazio
neste frustrante desânimo
que me invade  a alma,
me esfria o corpo
e congela a mente!

Sei que o vento voltará…

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Se a alma o desejar





Quando os sonhos são levados pelo vento
resta sempre a esperança da realização
ainda que a tristeza seja um contratempo
e atrofie duramente qualquer ilusão...
Talvez o vento malvado, volte sorridente
e nas suas asas de nuvens, traga luz
assim possa deixar quem sonha, contente
e não sofrer tanto com a dor da sua cruz

E...se o vento se recusar algum dia a voltar
que se torne a sonhar ainda com mais emoção
para se pularem os desaires utópicos dos sonhos
com a força da mente  e a alegria do coração
nenhum vento vencerá pensamentos risonhos
quando a alma tem a força de eternamente sonhar.

José Carlos Moutinho

Sonhos






Porque será que os sonhos mudaram
se os de hoje são tão diferentes
dos sonhos que sonhávamos ontem,
talvez seja por que o tempo também mudou,
quando antes ele soprava delicadamente
hoje é assustador e excessivamente quente...
e os sonhos de hoje já não terão tempo suficiente
para se tornarem realidade,
por que o tempo é outro,
se ontem o tempo dava tempo
ao tempo, para que os sonhos se concretizassem
no que havíamos sonhado inocentemente,
hoje, por que perdemos essa inocência,
os sonhos tornaram-se praticamente impossíveis
por serem mais maduros, mais conscientes,
perderam o encanto dos sonhos que encantavam...

Hoje os sonhos não passam de simples provocação,
eles, sonhos, sabem que sonhar é utopia irracional
e só enganam a mente porque ela dorme,
enquanto ontem, sonhar era viver os próprios sonhos
pois...
Sonhar era viver uma realidade absolutamente irreal

José Carlos Moutinho​

domingo, 6 de dezembro de 2015

Duas metades




Metade de mim é serena

A outra metade é inquieta,

Juntando as diferentes metades

Farão de mim um todo de duas metades

Num gritante paradoxo de compatibilidade…

Por que se uma metade de mim

É tão diferente da outra metade

Daquilo que eu sou,

Creio-me um ser estranho

Duvidando que as duas metades se entendam,

Talvez uma metade seja rebelde

E a outra metade obediente

E quando as duas se amotinam

Eu não sou nada de cada metade

Serei unicamente a discórdia

das duas metades…

A metade obediente e serena é neutralizada

Pela rebeldia inquieta da outra metade

Ou vice-versa…

Sei que metade de mim me pertence

E a outra metade também

Por que completam o meu ser.



Se uma metade é alegria e felicidade

A outra metade é nostalgia e saudade

E a metade que é saudade

Anula a metade que é felicidade

Ou vice-versa…



Que serei eu então, neste conflito de metades

Talvez nada ou talvez tudo,

Se eu pensar que não existe em mim, metades

Levar-me-ei a pensar como um todo

No todo que eu sou afinal…



Creio que uma metade é feita de amor

E a outra metade também,

Por que em mim  não existem metades,

Sou um ser uno indivisível e universal



José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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