sexta-feira, 19 de junho de 2015

Magia ou ilusão





Sua voz vinha com o vento,
falava de coisas passadas
vividas num tempo esquecido,
chegava-me como um lamento
que agora não fazia mais sentido.

Mas o vento continuava ruidoso
por cima do agitar das árvores,
soprava desalento e tristeza
num som tão seco e lamurioso
que mais parecia fervorosa reza.

Olhei o céu e julguei ver a imagem
da mulher cuja voz eu ouvia,
fiquei pensativo, quiçá preocupado
seria sonho, pesadelo ou talvez miragem,
sei que meu coração bateu assustado.

Talvez fosse magia ou quimera sonhada
o que me acontecia, não era normal,
fechei os olhos, tentei me acalmar
porque afinal toda aquela trapalhada
fora causada pelos raios do sol a brilhar.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 16 de junho de 2015

Dobras do tempo



Nas dobras do tempo
escondem-se as minhas memórias
em baú florido de belos instantes,
sopradas pelas brisas da vida
como folhas delicadas
matizadas por sorrisos e afectos!

Com a voracidade dos anos
pelos atalhos da vaidade,
ficaram esquecidos abraços
que acabaram perdidos
nas horas de ventania
escondidos pelas noites da falsidade!

Mas o tempo soberano das verdades,
plantou trigais em campos estéreis,
fez do joio, papoilas vermelhas
e do dourado das espigas
entendimento da sinceridade,
transformando esta bela seara
no sol da verdadeira amizade,
protegida pelos girassois da vida,
onde as ervas daninhas sucumbiram
às cores do arco-íris da harmonia.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Translúcidos madrigais





Levo-me abraçado aos meus anseios
por caminhos coloridos,
com pétalas de sorrisos
rodeado por árvores de frondosas copas
que me cantam madrigais
nas vozes das aves canoras
que saltitam felizes,
de ramo em ramo
em total liberdade!

Felicito-me pela visão
de raios translúcidos
que se infiltram atrevidos
por entre as folhas verdes das árvores
que como sentinelas, me contemplam!

Serena e docemente,
piso o chão atapetado pelo pó
do tempo ressequido
e caminho por este paraíso terrestre,
com os meus pensamentos
em euforia, pela felicidade
do que a vida me oferece,
sem nada me pedir!

O meu sentir é dominado
por efusiva alegria
e deslumbramento desta visão
em tela de multicores prazeres,
que a Natureza graciosamente
coloca aos meus sentidos.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Coração bravio





Ontem segredaste-me ao ouvido

dizendo que sem mim não vivias,

sorri-te muito comovido

acreditei que assim me sentias

como antes eu te havia sentido.



Abracei-te com ternura e amor,

murmurei-te palavras belas

envoltas em pétalas de cor

do arco-íris das mais lindas telas,

ai mulher, matas-me de calor.



Vamos os dois para aquele rio

refrescar nosso ardor de paixão,

talvez com nosso corpo mais frio

se apague o fogo deste vulcão

e acalme o meu coração bravio.



José Carlos Moutinho

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Noites que chegam






As tardes choram com tristeza,
por que as noites chegam,
trazendo consigo a solidão
e no breu das horas vazias
lágrimas brotadas da fonte da nostalgia
que afogam os soluços da melancolia…

Desliza lentamente o tempo
no desespero calado das insónias
e dos pensamentos que se confundem,
em atropelo entre sonhos utópicos
e atrozes pesadelos…

E a escuridão das noites
tarda em ceder lugar à luz,
o tormento é resiliente à alegria
que, quiçá, venha com a alvorada…

Os olhos cansados
pelas noites desacordadas
vão-se fechando incapazes
de resistirem a hercúleo esforço,
o coração bate exangue
pelo choro que o sufocou
e a alma cansada,
adormece nas cores do arco-íris
da madrugada que acordou.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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