quarta-feira, 4 de junho de 2014
Chovia na noite fria
Chovia naquela noite fria,
o vento soprava erm desespero,
uivavam lá longe os cães esfomeados
e lá fora, choravam almas desabrigadas
que se aconchegavam precariamente
em cartões de caixas rasgadas pelo tempo
que se faziam leitos
de angústias e traumas empedernidos
pela indiferença dos casacos de peles
e dos sapatos de luxo, que soavam
compassadamente nas pedras da calçada!
E as estrelas que se apagaram,
sequer se compadeciam com a escuridão
que se alojara nos corações sofridos;
Dos olhos daqueles infelizes
deslizavam gotas de chuva
misturadas com as lágrimas de dor!
E a chuva caía, impiedosa,
cada vez mais fria,
tornando o respirar sufocado
no torpor da fome congelada
daqueles que se calavam
na dor que lhes matara as palavras!
Injusto mundo de desacertos e contradições
onde uns têm tudo e não dão valor,
e outros têm nada, além da riqueza
do teto de um viaduto
que lhes permite manter o corpo enxuto
da chuva que lhes fustiga a alma!
Ah…Mundo cão tão duro e insensivel
poque permites que hajam diferenças
de tantos que sofrem e mendigam
o pão que engane os estômagos,
e outros que esbanjam escandalosamente
nas marisqueiras da vaidade.
José Carlos Moutinho
segunda-feira, 26 de maio de 2014
O abraço
É gesto que define afecto e
amor
ou falsidade fria, sem
fulgor
Será alento para a
felicidade,
quando o calor é verdadeiro
mas pode ser calculista e
matreiro
se é dado sem sinceridade!
O Abraço…
É chama que nos aquece o
peito
E penetra calorosamente na
alma,
Emoção do sentir em tom
perfeito,
Na dor, tem a força que
acalma!
Abraço…
Simplicidade de braços
estendidos,
Forte sensação de conforto e
paz
No amplexo de profundos
sentidos,
Que mais nenhum gesto é
capaz!
Ai…o abraço,
Que tanto calor e ternura
transmite
Nas horas moribundas do
desalento,
Faz sorrir a alma com a
força que emite,
Serenidade e amor, belo
sentimento!
Abraço…
É energia recebida que não
se explica,
Aninhar de sentidos em nossa
essência,
Simbiose de volúpia e êxtase
que fica
Na nossa alma, em total
efervescência!
O Abraço…
É como fogo que arde nas
entranhas,
é tão somente amor
que floresce entre braços…
José Carlos Moutinho
terça-feira, 20 de maio de 2014
Segredar na noite
Com as mãos crispadas pelo
frio da saudade,
Vagueiam pensamentos pela
escuridão
Da sua inquietude, e
profunda ansiedade
Que lhe aperta o peito e
sufoca o coração!
Sentada num banco de pedra,
silenciosa
Segreda as suas duras mágoas
incontidas,
Na noite cansada pela
ausência do luar,
Tenta conter um soluço de
tenebrosa dor
Mas dos olhos soltam-se
lágrimas sentidas
Sua alma, desesperada, não
pára de chorar!
Andeja abraçada pelo breu,
sem rumo,
Guiada pela luz retida na sua
memória
Que a acompanha, no deambular
nocturno,
Ate onde, não sabe, talvez
até à sua glória!
Invadem seu pensamento,
ilusões vividas
Que o tempo amordaçou nas
tardes caladas
São imagens coloridas,
perdidas nas brumas!
Deixa as ideias entregues a
morfeu, exauridas
Desperta com melodias, pelas
aves cantadas
Afagada pelos raios da
aurora, como plumas!
Cansada, sorri a nada,
olhando em seu redor,
Feliz por despertar de pesadelo
tão cinzento,
O seu coração está em paz,
com muito amor,
Sua alma é flor com pétalas
de sentimento!
José Carlos Moutinho
Serei Louco?
Deixem-me pensar que sou
eterno,
não me julguem louco,
ou muito menos transtornado!
Tenho em mim todas as vontades
do querer imaginativo,
posso ser o que quiser,
e não querer ser
o que querem que eu seja!
Quero libertar-me das
amarras
que socialmente me prendem;
Quero ser livre, como o
colibri
que beija as flores e colhe
o néctar,
também quero beijar as
mulheres,
colher paixão e alegria,
sem me preocupar
com sussurros daninhos!
Quero gritar aos ventos
que eu sou eu,
não tenho que ser condicionado
por pergaminhos ou conceitos!
Digo-vos,
sem admitir contestações,
que sou a essência
da liberdade e do amor
que me fazem viver
amar e ser amado!
Sou a nuvem que flutua
altiva,
que afaga o azul dos céus,
na carícia invisivel;
Posso ser o sol
da minha própria luz;
Sou, sem que me contrariem
o luar do meu romantismo!
Deixem-me ser o que eu
quiser,
e não me julguem louco,
porque loucos,
são os que querem
a vulgaridade de suas
existências.
José Carlos Moutinho
sábado, 17 de maio de 2014
Vem daí
Vem…vem daí, dá-me a tua mão,
Vem suavemente com a carícia do vento,
Juntos vamos cantando a nossa canção
De amor, gravada no meu pensamento!
Encosta-te a mim, vamos caminhar
De mãos dadas, pelas areias douradas
Desta praia, que beija docemente o mar
E quando nossas pernas ficarem cansadas,
Descansaremos sob o manto azul do luar,
Contemplaremos as estrelas iluminadas!
Escutemos o som melódico do marulhar
Rasgando o silêncio dos pensamentos,
Aspiremos o perfume que vem do mar,
Fragrâncias de maresia,ondas de alentos!
Deixemos nossos corações cantar
No bater compassado do nosso sentir,
Que nossos instantes sejam de eterno amar
Pelas Primaveras floridas do nosso porvir.
José Carlos Moutinho
A força das mãos
Nas mãos sulcadas pelo tempo,
nascem searas de brisas
iluminadas pelas tardes de sol,
que acalentam os sorrisos da alma!
Mãos que abraçam sentimentos,
afagam rostos com a carícia do luar
e beijam bocas sôfregas do néctar
perfumado pelo amanhecer da alvorada!
Mãos que sufocam os dias
na força silenciosa do improvável
marcadas com as amarras da dor
pelo tempo implacável e furibundo!
Mãos de veludo, vestidas de nuvens
esvoaçadas nas asas das mariposas,
mãos agrestes rugosas na ira
das invernias, que fustigam desatinos
e inquietam as noites do porvir!
Mãos que desenham invenções
nas margens das utopias,
que controlam a pena, no traço
que dá cor ao papel branco,
em imagem parida da criatividade
filha admirada em obra realizada!
…Mãos que me permitem
na serenidade do meu pensamento,
escrever-me em poesia
na acalmia do meu espaço,
com o tempo…
que as minhas mãos não controlam.
José Carlos Moutinho
quinta-feira, 8 de maio de 2014
Saudade Teimosa
A minha alma está nostalgica!
A saudade veste-se de
vermelho,
do chão daquela terra,
é iluminada pelos raios do
sol único
mesmo que suada pelo cacimbo,
mas aquecida pelo ar dos
trópicos!
Ai...Esta saudade…
Que teima em não desistir
e traz à minha memória,
tantas praias de alegria
e florestas de felicidade
picadas viajadas nas
melodias
tocadas pelos batuques
e nos choros lânguidos do
kissange!
Saudade, que me apertas o
coração,
acalma-me esta ânsia de
querer voltar
a pisar o vermelho do solo
e a sentir os cheiros de
Angola!
Tudo mudou, tudo se transformou
talvez um dia, quiçá em
outro tempo,
te possa visitar, minha
terra de coração,
e voltar a deambular pelos
musseques
de palhotas cobertas de
colmo
forradas a barro,
ver os seios das mulheres
livres, como aves
embelezados pelo brilho da
pele negra!
Ai, esta saudade de África
que se entranhou em mim,
respira pelos poros
da minha nostalgia
e entardece-me a alma
em melancolia.
José Carlos Moutinho
8/5/14
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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas
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