sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Precoce fenecer





Inundam-se as margens do meu coração
Pelo caudal deste rio de tristeza,
Vindo da nascente dos meus olhos
Em lágrimas frias,
Brotadas com a dor da tua ausência!

Chora-me a alma
A dor silenciosa, sofrida,
Que invadiu a minha essência,
Escureceu o sorriso da esperança,
Emudeceu o cantar da minha felicidade!

Diluem-se os sonhos irrealizados,
Como gotas em mar de frustrações,
As alegrias das Ilusões imaginadas
Caem como folhas secas fustigadas
Por ventos de contrariedades!

Sinto-me aturdido pelo amor perdido,
Amordaçado por conveniências,
Combalido por valores, quiçá, morais
Que me atrofiam
No mais profundo do meu sentir,
E me deixam numa letargia
De precoce fenecer.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Teimosia da inquietude



Teimam as nuvens negras da inquietude
Em encobrir o sol da minha ilusão,
Na vã tentativa, de anoitecer-me a alma,
Mas eu passeio-me em cintilantes estrelas,
E do azul do luar, faço meu o silêncio,
Que me acalma a ansiedade!

Na alvorada da minha serenidade,
Solto os pensamentos que se aconchegam
No arco-íris da minha felicidade,
Aspiro a maresia perfumada de utopias,
E navego-me por mares de paixões sonhadas!

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Este nosso mundo



Olho o infinito e vejo nada,
Apagou-se o mundo,
O breu descoloriu a vida!

Plantaram-se ironias e sarcasmos,
Ceifaram-se maldades,
Colheram-se intrigas e dores!

A escuridão é total,
Corações exangues, apertados
Por incapacidade de amar!

Vozes que se silenciam, exaustas
Na calada das noites geladas,
Congelaram o amor e harmonia,
Nublaram a felicidade,
Feneceram a esperança!

A Terra está moribunda
Destruída pela ganância
De gente inferior,
Que não são mais que ignorantes,
Cegos pela estupida arrogância.

José Carlos Moutinho.

sábado, 19 de outubro de 2013

Parar o tempo



Se pudéssemos parar o tempo,
Talvez conseguíssemos, do nosso escasso tempo,
Obter muito mais tempo,
Para apreciarmos as belezas que nos rodeiam!
Se parássemos por breves instantes,
Mesmo que fossem breves, esses instantes,
E pensássemos que este louco tempo
Que nos arrasta celeremente
Para um final de estrada, sem retorno,
Sem dúvida, que teríamos mais tempo
Para construirmos no nosso tempo
Mais momentos de alegria e felicidade!

Com o tempo parado, por breves instantes,
Poderíamos pensar na nossa brevidade terrena,
E tornarmos o tempo da nossa vida
Num jardim de harmonia,
Ornamentado com flores de solidariedade,
Cujas pétalas coloridas de amizade,
Esvoaçassem por caminhos de amor!

Acredito que o curto tempo
Que nos perturba e transtorna no dia-a-dia,
Se tornaria mais risonho, mais iluminado,
E o tempo que nos foge a cada minuto,
Tornar-se-ia mais romântico
Na nossa passagem por este planeta.

 José Carlos Moutinho

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Desejos



Ah...como gostaria eu, de fazer um poema de exaltação
Ao amor, à vida, aos sentimentos, ao meu respirar,
Fazer brotar do mais profundo do meu âmago
Todo um sentir transcendente,
Que me desse a capacidade
De fazer chegar aos outros,
A minha alegria e o meu sorriso por cada dia,
Tal como a alvorada, surge em encantamento!

Ah...como gostaria eu, de não me esquecer
De agradecer ao Deus dos dias felizes,
Todos os momentos que fazem do meu coração
Um vibrante som de melodia cantada;
Por me permitir apreciar as belezas que me rodeiam,
E jamais olvidar o azulado do luar
Nas noites dos meus sonhos!

Ah...como gostaria de gritar ao mundo
A felicidade que me acaricia a alma,
Quando ao toque de suas mãos,
Estremeço em sensações de prazer,
Cantar a ternura e a emoção do seu abraço
E perder-me languidamente no seu corpo,
Sentir o calor ofegante do desejo
E entregar-me ao êxtase do nosso amor.

José Carlos Moutinho.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Partiste



Partiste um dia sem pudor,
Esqueceste o nosso amor,
Levaste o coração vazio
Naquela noite de tanto frio.

Ficou o meu coração a chorar
Exangue, em louco desatinar
De dor tristeza e amargura,
Sem entender tua lonjura.

Se nosso amor era profundo,
Porque deixou de ser fecundo,
Ilusão de amor e utopia
Paixão vivida com fantasia,
Escurecida no meu mundo
Tornou finita minh’alegria.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Caminho pelo Outono



Este outono do meu presente,
onde mergulho nos cheiros de folhas secas,
aspiro fragrâncias deste tempo
que se vai fazendo passado,
pelos ramos quebrados das mágoas da vida!
Caminho por alcatifas de matizadas folhas,
que o verão foi ressequindo na ansiedade do futuro,
levo-me por entre sombras de árvores carcomidas,
em busca de emoções novas!

Admiro fascinado os leitos de folhagem
que se fazem chão,
salpicados por suaves verdes
dos rebentos que se pensam perenes!
Nos ramos equilibram-se gotas de chuva,
que me molham o rosto,
como carícia de lágrima deslizante!

Absorvo todo este cenário
com deleitada serenidade,
guardando na minha memória
tudo o que os meus olhos retêm,
antes que o inverno chegue
com os seus frios instantes,
de cinzentos dias de desânimo...

Penso na poesia que a primavera
me trará, no deslumbramento
das suas cores renascidas.

 José Carlos Moutinho

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Fado



Este fado que me leva por caminhos inventados
E que faz da minha existência um fadário,
Umas vezes pelo encanto da poesia,
Outras por alguma desilusão tardia,
Vou cantando este fado da minha vida,
Desejando que as amarguras se ausentem
E me tragam novas brisas de alento
Que só as primaveras coloridas consentem!

Ah...Fado, quando triste, fazes a guitarra chorar
Lamentas a tua sorte, ainda que a cantar!

Nunca te deixes esmorecer pelos desencantos
Que a vida te traz, sem os pedires,
Aconchega-te no trinar das cordas da viola,
Embala-te nos acordes melodiosos da guitarra,
Solta a dor ou alegria dos teus sentires,
Mas jamais deixes de cantar com garra,
Ainda que te chamem vadio e gabarola!

Canta fadista, canta o fado com sentimento,
Da tua voz ecoará o belo poema cantado,
Solta da tua garganta a dor e o tormento
Ou a paixão do amor, por ti imaginado.

José Carlos Moutinho.

domingo, 13 de outubro de 2013

Luar de paixão



Luar de noites quentes
Com amores ardentes
Da minha doce paixão,
Afaga o meu coração

Sinto no teu abraço
Que tudo o que te faço,
Te faz sorrir de amor
Quando beijas com ardor

Minha mulher amada
És melodia cantada
Em poesia de embalar
Na carícia do luar

Amor vamos por aí
Paixão assim jamais senti
Serás minha eu sou teu
Destino que Deus nos deu

José Carlos Moutinho.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Sonhos despertos



Na vigília que me toma os pensamentos,
Faz dos meus sonhos despertos,
Ilusões quiméricas!
Deixo-me levar em desejos incontidos,
Pelo sentir suave da pele rosácea,
Que me faz ânsia de querer tocar-lhe
E despertar o frémito do prazer letargo!

Penso-a, deliciado, e embora ausente,
Sinto-a em mim,
Numa lasciva e delicada sensação
De corpos colados, aquietados
Pela vontade acomodada,
Mas em deleite pela química
Que se desprende da paixão que os une!

Revigoram-se as emoções,
Suavemente pela lânguida fragrância,
Que se solta das rosas vermelhas,
Espalhadas sobre o lençol
E se difunde pelo quarto do amor!
Excitam-se as mentes,
Dilatam-se os poros,
Remexem-se os corpos,
Navegam no mar do prazer que os alaga
E os leva extasiados ao porto da felicidade!

Adormeço exausto, no delírio da doce volúpia,
Obtida dos sonhos acordados,
Após longa e sensitiva vigília.

José Carlos Moutinho.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Sonho, miragem ou ilusão




Deslizam pelas vertentes, as minhas palavras escusadas
Pela vontade retraída, no desejo silencioso
De abrir o meu peito cansado, pelas ausências
Das tardes ensolaradas, deste meu tempo sombrio!

Na calada das noites exaustas,
Libertam-se as vozes da coragem,
Apoiadas pelo breu solidário,
As mágoas agrilhoadas, soltam-se no meu suspiro!

Aliviado pela ousadia da minha repentina liberdade,
Grito aos ventos que me sussurram emoções,
Que jamais se calarão as palavras
Na minha garganta contraída pela incerteza!

No verde vale das sensações,
Onde me vejo caminhar entre coloridas flores,
De coração esfuziante e alma livre de amarras,
Sorriem-me as aves rodopiando em torno de mim,
Entoando melodias de ovação,
Abraça-me a brisa que docemente me acompanha!

Talvez seja sonho, miragem, ilusão,
Ou tudo não passa de doce loucura!
Não sei...nem me interessa,
Sinto-me bem assim.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Chuva de Outono



Adejam, frias, as gotas desta chuva de Outono,
Encharcam os meus pensamentos,
Dos momentos de amor do estio que se foi,
Cada pingo, encerra em si, um segredo,
Que se desvendará no chão que a acolhe,
Da miríade de gotas, simples e solitárias,
Nascerá um rio calmo, de muitos segredos
Que mergulharão no mar,
Onde navegam anseios e sonhos por realizar!

E tantas gotas, lágrimas de cristal
Que caem como pranto de saudade
Desta chuva teimosa,
Trazem a nostalgia
Das tardes quentes, suadas
Na paixão exacerbada pelo amor,
Que se refrescava do seu fulgor
Nas areias molhadas, onde as ondas
Beijavam os corpos escaldantes,
Acariciados pela alva espuma!

E a chuva cai, insistente
Alheia ao meu pensamento saudoso
Dos prazeres oferecidos
Pelo tempo que se ausentou
Chorado neste Outono que chegou.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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