quarta-feira, 24 de julho de 2013

Acreditem



Acreditem...
Gostava de fazer um poema
que fosse a exaltação à vida,
um abraço carinhoso ao amor
que fosse a metamorfose das cores
e pudesse acabar com a maldade,
Escreveria palavras que fariam as estrelas
sentirem-se em apoteótica felicidade!

Acreditem...
Usaria as palavras desse meu poema,
Em caracteres de paixão,
para gritar bem alto
que vale a pena viver
em harmonia, paz, solidariedade e amor!

Daria a cada verso uma cor inigualável
faria de cada estrofe, um hino á alegria
colocaria em cada metáfora
toda paixão que a minha alma cantasse!

Acreditem...
Que com o meu coração
eu faria o mais belo poema de amor,
em cada palavra, uma pétala em sorriso,
da união de todas as palavras,
criaria o mais belo ramo de flores,
com aromas de felicidade
e perfumes em volúpia!

Acreditem...
Eu faria esse poema,
se eu fosse poeta

 José Carlos Moutinho

domingo, 21 de julho de 2013

Filme da vida




Olho o infinito que se estende para lá de mim,
será o prolongamento da minha vida,
ou jamais atingirei o horizonte
que aos meus olhos se apresenta iluminado?

Penso-me, umas vezes, calado,
porque as palavras não encontram eco em mim,
vezes outras, como revolta, grito
assustado, pelo fenecer que se aproxima!

Retrocedo o filme da minha vida,
sorrio na contemplação das cenas afectivas,
choro nos dramas que escurecem a imagem,
e na velocidade do meu pensamento,
sinto-me nada,
no conteúdo do colorido apagado
pelos momentos perdidos
por cenas escusadas
em detrimento de outras,
solidárias e altruístas!

Observo a errada produção deste filme,
onde predominam cores negras,
em exagerados e inúteis instantes,
quando tantas cores se ofereciam
para colorir esta película da vida!

Talvez o realizador pensasse
que poderia prolongar “Ad eternum”,
o que afinal é tão célere...
Não passamos de meros actores
neste cinema da vida.

José Carlos Moutinho

sábado, 20 de julho de 2013

Introspectiva



Sinto no meu difícil respirar
ar seco, talvez de angústia,
ou ansiedade que não sei explicar,
só sei que me deixa a voz sem acústica.

Sinto no peito uma pressão dorida,
será deste tempo estival, sem sol
ou de alguma amargura sofrida
que me navega neste mar sem farol.

Queima-me a pele, pela paixão calada
de um amor esmorecido, em luar de agosto,
nas palavras sem vida de canção acabada,
que sulcaram no meu coração, profundo desgosto.

Olho em volta de mim e nada vejo,
o colorido da vida, para mim, escureceu,
com muita dor, sinto a falta de um beijo,
acho que não existo, meu corpo morreu.

Minha mente teima em querer pensar,
no tempo em que o amor era palavra sentida,
minha alma cansada, deixou de chorar,
com tanta dor, sente-se totalmente perdida.

No meu coração dilacerado, as lágrimas secaram,
é agora, rio seco de afiadas pedras em seu leito,
correm nele, amarguras que da nascente brotaram
e enchem de dor e sofrimento meu dorido peito.

Quero esquecer esta tormenta e esperar a bonança,
tudo na vida tem principio, meio e fim, creio eu,
espero encontrar neste meu tempo, a esperança,
que a felicidade surja do luar e ilumine este breu.

 José Carlos Moutinho

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Delírios da paixão



Sorriem,
olhos nos olhos,
tocam-se,
anseiam-se,
entrelaçam-se,
corações galopantes
em corrupio de emoções,
mãos ansiosas que acariciam
a textura escaldante das coxas,
lábios que se roçam incandescentes!

Acoplam-se os corpos exaltados
em movimentos de vaivém
ao ritmo suave do sentir,
o sangue efervesce nas veias 
em exacerbada arritmia,
soltam-se sussurros guturais em doce resfolegar!

Elevam-se pela encosta da montanha,
em delirante excitação,
agora em ritmo desatinado,
bocas coladas num sôfrego beijo
de sufocante delírio,
agitam-se num estremecer incontido,
ultrapassam as escarpas do êxtase,
atingem o cume da montanha,
em relaxante e suado clímax,
Serenam!

José Carlos Moutinho
In "Colectânea EROTISMUS"
(A quem interessar, p.f. peça-me)

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Quimeras



Quero correr pelas areias molhadas
desta praia, que me aceita como sou,
Quero escutar os murmúrios dos búzios
cantando-me canções de amores improváveis,
Quero ser salpicado pelo sal da água
que do mar se faz maresia,
Quero sorrir às gaivotas
pela alegria do seu grasnar!

Sinto-me flutuar numa felicidade que desconheço,
Afago-me com os raios solares
numa luxúria estranha!

Penso-a presente em mim,
acaricio os seus cabelos
na leveza de pétalas de orquídeas,
invento-a no abraço que me dou!

Suspiro no marejar das gotas
que me sulcam os poros
e enlevo-me no canto do mar
que em acordes melodiosos
se espraia a meus pés
em branca espuma de prazer!

Sinto-me livre das mágoas
que os dias me infligiram,
a brisa que me assobia suavemente
traz-me a serenidade
que eu quero em mim, para sempre.

José Carlos Moutinho

Minha garota



Garota de olhos doces
de fascinante sorriso
e mãos com a carícia da seda...
   
Tu que és tão amada, moras na solidão,
sentes a falta de ombro amigo e presente
tens o fogo do amor no teu coração
tanto ardor e paixão e tudo se faz ausente!

Acompanha-te a infelicidade
na felicidade de um grande amor,
tens tudo e não tens nada!

Os teus lindos olhos têm o brilho do sol
quando vês ou estás com o teu amado,
mas choram na tristeza da lonjura terrena!

Anseias por um príncipe encantado
que esteja junto de ti, nas horas solitárias,
esses não existem mais...
são somente sonhos e quimeras
porque a carência te impele à busca de algo!

Paradoxo desta estranha vida,
quando o amor é forte e recíproco
e duas almas se encontraram
pelos caminhos do destino,
mostra o amargo da ausência dos abraços,
dos beijos escaldantes,
que se mitigam nos escassos encontros
em que os dois corpos se deixam envolver
em delirante volúpia no desatino da paixão!

Ah...vida triste onde o amor é rei
E a tristeza e solidão são escravos que dominam.

 José Carlos Moutinho

terça-feira, 16 de julho de 2013

Estado de alma




Sinto na pele, a frieza
das brisas que deslizam pelo meu corpo,
sopradas do alto da montanha de ilusões
e descem pelas escarpas da vida!

Fazem-se dores na saudade
dos afagos recebidos
em noites de encantamento,
que se perderam pelos vales do tempo!

O sibilar melódico do ar,
fala-me de ti, do nosso enlevo
agasalhado pelos nossos braços
no aconchego cálido dos nossos abraços
acariciados pela doçura do luar!

Tento ignorar esta brisa fria
que me corta o coração
pensando-te doce e amorosa
pela dor que me enlouquece
e te faz ausente de mim!

Sorrio cansado para as estrelas
na ânsia de uma resposta,
que te traga novamente a mim,
Recebo o silêncio
que ecoa pela minha alma sofrida
na escuridão da minha tristeza!

Penso-te em mim
sinto que eu estou em ti
na solidão dos nossos sentires,
mas forças estranhas
impelem-nos ao afastamento!

...E deixamos que a felicidade se esvaia
nas tomentosas horas deste louco tempo...

José Carlos Moutinho

domingo, 14 de julho de 2013

Artifício das cores



Sinto no palpitar do meu coração exangue
um rejuvenescer pelas cores fortes de vermelho de sangue;
No meu âmago dá-se a explosão
do sentir que acorda o meu corpo esmorecido!

Na contemplação das cores que me penetram a alma,
vejo nos amarelos o sol
que se ausentou de mim
e que me deixou a pele lívida
pela dor da saudade daquele amor!

O azul abraça-me com o carinho do luar,
Pelo preto sinto-me efémero
nesta vida que me absorve os sentimentos!

Na simbiose do artifício profuso das cores,
que aos meus olhos se deparam
renovo-me na esperança
da felicidade que se desvanecia
pela vontade da desistência.

José Carlos Moutinho.

sábado, 13 de julho de 2013

Redes sociais



   Na solidão do meu silêncio, levo-me por pensamentos soltos, livres de preconceitos e complexos por mares de dúvidas, umas vezes e, por conclusão, outras.
Referem-se esses pensamentos ao fenómeno dos chats e das chamadas redes sociais.
É coisa nova, que, a par de tantas outras, se nos vão deparando e entrando pelas nossas casas, alterando profundamente os nossos comportamentos, e, quer queiramos, quer não, modificando-nos o nosso “modus vivendi”.
Talvez daí, não venha o mal, já que se pode considerar como uma nova forma de conviver, que por acaso acontece, numa velocidade vertiginosa, que nos permite interagir em segundos.
Se pensarmos, que antes desta modernização, a comunicação entre as pessoas era lenta e escassa, podemos até congratularmo-nos com esta evolução.
Mas os meus pensamentos, que como atrás referi e que voavam algo perdidos, pela dúvida simultânea e paradoxalmente pela certeza, tem a ver com a falsidade que existe nestas redes, ditas sociais.
As pessoas com perversos sentimentos passam-me por anjos...os anjos tomam atitudes de malvadez. Felizmente que a maioria, “ainda” são pessoas de bem e normais.
Vive-se num conflituoso mundo de mentiras e verdades. Harmonias e invejas. Sinceridade e falsidade. Honradez e vigarice. Moralidade e imoralidade. Falso altruísmo e real bondade. Solidariedade e negligência. E é neste meu divagar pelo deserto do meu silêncio, que todas estas perguntas se aproximam de mim, no desejo de uma resposta, que infelizmente, não tenho capacidade para dar.
E leva-me a esta interrogação:
Será que o mundo real está tão deturpado, tão falso e maldizente, que transpira copiosamente para as redes sociais e, aí, porque se escondem por detrás do anonimato, muitas vezes, podem dar azo à má formação de que estão imbuídos?
Enfim, o meu silêncio foi interrompido pela campainha, acionada por alguém, lá fora, no portão que me despertou do meu viajar pelo mundo da minha solidão.

José Carlos Moutinho
13/7/13

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Gostaria ser poeta



Ah...como eu gostaria que as palavras
voassem da minha alma
com asas de mariposa
e ondulassem por aí, sem rumo,
ao sabor do vento da poesia,
Que cada verso tivesse a magia da metáfora
que se fizesse ilusão nas quimeras inventadas
e as pessoas viajassem pela fantasia
ao beijarem essas minhas palavras!

Ah...como eu gostaria ser a eternidade
do meu sentir
na viagem pelos tempos das utopias
metamorfoseadas em sonhos realizados,
ser recordado pela minha vontade
em fazer das palavras, simples poesia!

Ah...como eu gostaria
de me sentir poeta
pela força que os versos me concedem
mas eu simplesmente fracasso
perante a doce beleza da poesia
que se recusa a deixar-me criar!

Sinto-me humildemente rendido
à minha frágil capacidade criadora,
escrevo porque sou teimoso e atrevido,
não passo de uma alma sonhadora.

 José Carlos Moutinho

Geografia emocional



Havia um tempo em que as consciências tinham a consciência da sinceridade e honestidade.
Todavia, com a voracidade deste viver perturbado e indiferente a sentimentalismos, verificamos que os valores se perdem na mesquinhez de muitos, em detrimento da moral e da dignidade.
São emoções, sem emoção o que acontece no dia-a-dia.
Correm para o desconhecido da ambição, como loucos; Quando pensam que lá chegaram, constatam que afinal se perderam neles próprios.
Pereceu a solidariedade nas pessoas, diria mesmo que deixaram de ser humanos, perante a indiferença e alheamento dos que os cercam.
Talvez sejam desvios geográficos nas mentes moribundas de emoções.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Quem sou eu?



Vagueio-me por nuvens de pensamentos
em busca de algo que ignoro.
Perco-me na obscuridade das galáxias
e deparo-me com a minha insignificância
como ser neste espaço geográfico de mim!

Assusta-me pensar-me nada,
perante a grandeza do universo.
Sou átomo vazio de mim.
Sou alma, que me habita e que desconheço!

Acometem-me desejos vindos de espaços ou células,
da mente ou do cérebro
e tudo é estranho para mim,
neste mundo estranho!

Após a minha viagem interplanetária,
aterro-me neste solo que me sustenta o peso
que eu dificilmente controlo,
Interrogo-me, perturbado:
Quem sou eu?

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Sonho ou miragem




Ah...como eu desejaria
que os meus sonhos fossem aves
que levassem pelos céus das ilusões,
as minhas mais prementes emoções
e que nesse esvoaçar de sentimentos,
eu sentisse os murmúrios melódicos das estrelas
e com a carícia da brisa,
se tornassem realidade!

Nesta visão quimérica,
observo deliciado as cores da paixão
aconchegadas nas flores
oscilantes de vida perfumada,
onde vejo o verde da minha esperança
no amor que se solta,
entre papoilas vermelhas
de pura sensualidade!

Tudo me sorri à minha volta
Não sei se será sonho ou miragem,
só sei que o meu coração lateja
numa doçura que me embala
em crer que existe o amor
e que nele está a felicidade.

 José Carlos Moutinho

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Se eu fosse poeta



Se eu fosse poeta...
...Gostaria dizer ao mundo
quão importante és tu para mim...
Gostaria fazer uma canção de belas palavras
que fizessem emocionar as estrelas,
fazer versos onde eu exaltasse a minha paixão
e soltá-los ao vento,
que atravessassem oceanos e mares
e dissessem ao incrédulos
que o amor existe e está em nós!

José Carlos Moutinho

terça-feira, 2 de julho de 2013

Sussurro da minha alma



Ah...como eu gostaria dizer-te
em palavras inventadas,
que o meu coração vibra
só ao olhar o teu sorriso fascinante..
Mas falta-me inspiração
e as palavras doces ruborizam-se
de tanta paixão e volúpia...
Fico-me pelo silêncio
que só tu sabes ouvir
porque é o sussurro da minha alma
em devaneios pelo amor em nós

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Pensamentos no silêncio



No silêncio que me murmura palavras silenciosas,
levo-me pelos pensamentos calados
em colorido viajar
pelas emoções contidas na saudade
aconchegada no meu peito!

Suspiro no enlevo dos momentos vividos
em luares de maresias,
sobre areias iluminadas pelas estrelas
e beijadas pelas alvas ondas
do melódico mar
que nos cantava canções de amor!

Aquieto-me no meu sentir nostálgico,
absorvo nas metáforas do meu querer
as visões, que me mitiguem a melancolia!

Sinto-me invadido pela sensação
de mãos que afagam o meu pensar,
será a brisa que me visita ou a imaginação
de querê-la ao meu lado, para me abraçar!

A minha alma sorri-me com emoção
em devaneios escaldantes de amor
que desliza em lava ardente do meu coração
e funde nossos corpos pelo fogo abrasador!

José Carlos Moutinho

domingo, 23 de junho de 2013

Versos soltos ao vento



Sente-se na pele o ardor da frustração
Trazido por ventos secos, de inveja
que um sorriso repudia com perdão
pela sabedoria que a vida caleja

Evado-me dos meus anseios frustrados
Solto-me no vento das minhas ilusões
Imagino-me viajante de sonhos dourados
pelo oásis do deserto das minhas emoções

Cantam-me as estrelas em murmúrio
melodias de enlevo, sopradas pela brisa
aconchegadas em pétalas de doce augúrio
vestidas com a doçura da mais bela poesia

E vagabundo mas feliz em meu querer
Elevo-me aos céus nos meus pensamentos
Quero encontrar o aconchego no meu viver
Deliciar-me na paixão dos fortes sentimentos

 José Carlos Moutinho

sábado, 22 de junho de 2013

Olhos cansados




Não sei qual a razão
porque os meus olhos recusam olhar-te,
talvez estejam cansados
ou simplesmente esmorecidos
pelos dias amorfos
deste viver saturado, sem afecto!

Olham-te e não te conhecem
sentem-se tristes pela tua fria indiferença,
deixaram de sorrir
estão mortiços, sem luz
apagou-se neles a chama de outrora!

Quiçá, alguém tenha o calor
que os faça revigorar pelo amor
e a luz, agora cansada, renasça do escuro,
pela alegria de um sorridente futuro!

Nesta antevisão imaginada,
emocionam-se os meus olhos,
velhos, pelos anos de tempestades,
ansiosos pelo advir de primaveras encantadas!

Sorriem os meus olhos, felizes,
na visão quimérica da luz da felicidade,
que desliza docemente sem cicatrizes
pelos etéreos céus azuis da eternidade.

 José Carlos Moutinho

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Alquimia



Alquimia, palavra antiga de significado confuso,
Serei para ti, como uma alegoria,
Com todo o carinho, sem ser obtuso.
   
Quero transformar o meu amor.
Em brisa que te penetre o coração.
Com a minha alquimia, sem temor
Acredito que desencadearei a tua paixão.

Serei alquimista real, mesmo sem norte.
Mas a mudança que eu te proponho
É de te amar na terra até à morte,
Farei com que a alquimia funcione,
Acredito que talvez seja um sonho,
Mas inventarei algo que te impressione!

 José Carlos Moutinho

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Quimera de um sonho



Acordei melancólico. Para libertar o meu espirito cansado
caminhei por caminhos de solidão, marginados por belas e coloridas flores , que não me sorriam.
Os pássaros que chilreavam, calavam-se à minha passagem.
A brisa que inicialmente me acariciava o rosto, tornou-se seca e árida, numa agressiva pose de hostilidade.
A alvorada que despontava cintilante nos seus raios de encanto, subitamente escurecera.
Tudo conspirava contra mim. A natureza era inimiga do meu passear.
Assustei-me, estuguei o passo, queria sair daquele local o mais rapidamente possível.
A vegetação parecia rir-se da minha figura, ao ver-me em passo de corrida.
Vociferei algo impercetível, preocupado com o que me acontecia.
Era um fenómeno nunca antes sentido.
Muito estranho que eu sentisse a natureza em conflito com a minha pessoa, logo eu que sou respeitador e defensor dela.
Parecia haver alguma coisa de esotérico. Sei lá, sempre ouvi falar de bruxas, podia dar-se o caso de ser acção de alguma, naqueles instantes que me iam deixando atormentado.
Intrigava-me profundamente que os pássaros antes exuberantes nos seus cantos, tivessem inesperadamente emudecido.
Ao lembrar-me do que se passara com a brisa, era demais para o meu entendimento.
Eu estava na verdade muito assustado com tudo isso.
Cheguei às margens de um rio que deslizava silenciosamente pelo seu leito e escutei o murmurar das águas que se faziam melodia quando nos declives, como pequenas cachoeiras mergulhavam com uma elegância na suavidade cristalina das suas límpidas águas.
Sentei-me na margem esquerda descendente daquele encanto fluvial.
Pasmei com o que me sucedia:
Os pássaros trinavam com uma sonoridade nunca escutada em toda a minha vida, eram odes ao amor e à paz e juntavam-se à minha volta, esvoaçando alegremente.
Eu não queria crer no que me era dado apreciar, era belo demais para ser real. Fiquei deslumbrado, estático, como que hipnotizado por tão rara beleza.
As flores de belas e variadíssimas cores tremulavam numa agitação de excitante alegria. Acontecimento jamais imaginado e sorriam no encanto das suas pétalas.
A brisa colorira-se de tons vivos, como os do arco-íris e abraçava-me em movimentos ritmados numa cadência de suave ternura.
Isto não podia estar a acontecer comigo, era demasiadamente irreal para ser verdade. Só podia ser miragem ou o meu estado psicológico estava absolutamente perturbado.
Fechei os olhos, por longos minutos, relembrando o que há poucos minutos me tinha acontecido, na frieza com que fora presenteado pelas flores e pelas aves e agora, tudo isto se desenrolava na minha frente, de maneira tão diferente e fascinante. Não era possível, seria um sonho, sem dúvida.
Mais sereno e convencido de que tudo era realidade, decidi abrir os olhos e, para espanto meu, estava deitado na minha cama, na semiobscuridade do quarto, onde através do cortinado da janela despontavam os primeiros raios de sol da alvorada que amanhecia.
Só a alvorada era real, tudo não passara de um sonho.
Senti-me feliz pela quimera da minha mente e, ao mesmo tempo, frustrado, por não ter sido um acontecimento de verdade.

José Carlos Moutinho
20/6/13

terça-feira, 18 de junho de 2013

Ilusões descoloridas



Sinto na minha pele o respirar da nostalgia
que o vento sopra indiferente
à saudade que me contrai os poros,
Afluem-me secas e cansadas as memórias
dos momentos floridos, em canteiros de ilusões,
que o tempo secou
na ausência de afectos,
pelos caminhos árduos, de escombros
que a vida inventou!

As ilusões agora estão descoloridas e murchas
esbatidas por ventos sem voz
que calaram utopias,
O presente é folha seca, moribunda
esvoaça sem rumo
por atalhos escuros de apatia
suspensa em ramos de monotonia!

Talvez encontre entre as nuvens,
um novo jardim, onde floresçam raras flores
de cores vivas e perenes,
que cantem a desejada mudança
tragam alegremente nova esperança.

 José Carlos Moutinho

domingo, 16 de junho de 2013

O que será?



Neste tempo que se faz cansado
na lonjura da estrada da vida
leva-o em pensamentos vivos
de emoção sentida
pelos momentos vividos
na paixão assumida!

Será sonho, ilusão ou realidade
que lhe faz bater forte o coração
e lhe deixa a alma em êxtase...

O sol que nas alvoradas
se oferece mais cintilante
e nas tardes cinzentas
se faz luminoso na alegria flamejante!

O seu amor e paixão são tão ardentes
que a chuva que cai, fria e húmida
se transforma em gotas de sensações
que lhe percorrem o corpo
em vibrantes e acariciantes emoções!

É um novo sentir
que lhe transcende a compreensão
quiçá, lhe ultrapasse a própria razão,
é um querer desatinado
de desejos incontidos
e ímpetos desconhecidos
brotados do seu âmago,
tais protões acariciados pelos neutrões
carinhosamente feitos átomos de amor,
é o estremecer no abraço
o prazer do néctar do beijo
e o delírio na junção dos corpos
que o leva à felicidade.

 José Carlos Moutinho

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Se eu fosse...





Fosse eu o sol e juro que te daria todo o meu calor
Mas se eu fosse a lua, dar-te-ia muita felicidade,
Porém, como sou humano dou-te o meu amor
Que te acompanhará por toda a tua eternidade

Mas se eu fosse Deus, acabaria com as tuas dores,
Faria de ti a rainha da minha vida para sempre,
Criaria só para ti, um jardim de alegrias e flores
Onde plantaríamos muito amor e paixão ardente

Faria do mar uma estrada perfumada de maresia,
Sobre as ondas, caminharias acariciada pelo sol,
Faria especialmente para ti a mais bela poesia
Que te cantaria nas noites do luar do nosso farol

Inventaria tudo o que fosse inimaginável criar,
Seria arquiteto, engenheiro, poeta ou escultor,
Tudo faria para ter o belo sorriso do teu olhar
E nos teus braços inebriar-me com nosso amor.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Sucumbir



São estranhos os dias cinzentos
que o visitam nas tardes
de triste ausência de afectos,
Nem as noites de luar
com o doce azulado da fantasia
soltam as mágoas que lhe apertam o peito!

Vagueia em sonhos, pelas ilusões
na ânsia do sol da felicidade,
mas este, indiferente e célere passa por ele
nas manhãs das alvoradas da sua ansiedade!

E...
Os dias passam, pela calada do seu sentir,
silenciosos na dor do seu desalento,
agoniam-se em semanas de monotonia
abafados pelos meses de agonia
submergidos em gélidos anos de relento!

Quisera que a sua alma
se libertasse da prisão que a sufoca,
voasse sobre os lírios do campo
e aspirasse o néctar da felicidade!

Chora o seu coração
lágrimas frias que se colam
ao seu corpo e o congelam!

A sua vontade esmorece na razão
dos outros, que o condicionam
e o fazem sucumbir lentamente,
antes do seu juízo final.

 José Carlos Moutinho

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Santo António



Santo António, de Lisboa, grande milagreiro
lembra-te desta pobre gente sem dinheiro,
bem sei que não é esta a tua especialidade,
pois de amores és mais entendido de verdade

Ninguém quer casar agora Santo António,
a vida está pela hora da morte de tão cara,
parece que fomos invadidos pelo demónio,
nada temos, secou por completo a seara

Santo António, meu Santo Antoninho,
desperta do teu sono tranquilo em Pádua,
vem como patriota, abençoar este povinho,
que deste jeito, como cama, terá uma tábua

Depois da terrível tempestade que nos afoga,
poderás voltar ao teu dom de casamenteiro,
mas acaba com estes políticos, autêntica droga
para não morrermos de fome, traz algum dinheiro!

José Carlos Moutinho

terça-feira, 11 de junho de 2013

Viajar pelas ilusões



Gostaria poder romper
estes elos invisíveis, que me prendem
como amarras carcomidas pelo tempo
das minhas incertezas!

Soltar-me na brisa
que silenciosa, cruza as ilusões,
abraçar-me aos sorrisos das emoções!

O meu suspirar é reprimido
por sentimentos cansados,
aspiro ar cortante e ressequido
pelo estio do deserto de mim,
busco o oásis das minhas quimeras
na esperança do afago da serenidade!

Tempestades de areias fustigantes
trazem-me dor calada, que me sufoca
e revolta por esta submissão
a vontades, que se alheiam de mim!

Grito no silêncio que me envolve,
derradeiro apelo aos meus sentidos,
escuto o eco de mim,
aspiro, tímido, o ar da esperança,
suspiro profundamente
e...sinto-me livre!

 José Carlos Moutinho

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Guitarra que chora



A guitarra gemia e chorava docemente,
solidária, a viola em murmúrios, trinava
com a ternura do poema de amor ardente
da canção, que languidamente encantava

Exaltada a paixão, em melodia, pela mulher
que o deixara perdidamente arrebatado,
com sua ausência, ficou-lhe a alma a sofrer,
ais suspirados, silenciosos, coração dilacerado

A guitarra no seu gemido, sentia este amor perdido
nos acordes, que se desprendiam do seu corpo
como se fosse da mulher amada, amor sentido,
que talvez em outro mar, encontrara novo porto

Cantam-se as saudades das tardes de felicidade,
abraçadas ao tanger, agora sofrido do desencanto,
quiçá o manto de novo luar abrace a serenidade,
novas alvoradas tragam sorrisos e acabe este pranto.

 José Carlos Moutinho

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Fantasias



No murmúrio da brisa
Respiro a suavidade do pensamento
Levo-me em quimeras
Por sensações que invento

Liberto as vontades reprimidas
Calo as vozes incontidas
Grito palavras jamais ditas

Projeto o meu olhar
Acariciado por melodias ardentes,
Para além do horizonte,
Ao encontro de estrelas cadentes

Sorrio-me no deslumbramento surreal
Iluminado pelos belos cristais do sol,
Voo nas asas da minha energia mental
Até ao meu porto de abrigo, o meu farol

Serão quimeras, ilusões ou utopias,
Numa só palavra, não passam de fantasias,
Força invisível da mente que se transcende
E quer demonstrar o que ninguém entende

José Carlos Moutinho


http://www.mixcloud.com/josecarlosmoutinho/fantasias/

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Poeta, sonhador e louco



A folha branca inerte que me contempla,
sorri pela minha tentativa de escrever poesia.

Amasso revoltado a folha branca, agora inútil,
onde não poderei mais escrever poesia.

Não me deixarei vencer pela ironia de qualquer folha.
Insisto em ser poeta, ainda que as palavras se escondam
na pena do meu fracasso.

Vacilante, mas determinado, vou escrevendo
palavras desconexas, sem sentido,
ou, talvez tenham o sentido da minha fraqueza.

Desespero neste jogo de imaginação
teimo, volto a escrever,
desta vez as palavras parecem-me lúcidas.

A folha antes branca, agora gatafunhada
Que antes sorria,
descarada, ri-se provocante,
Pasmo perante tal atrevimento...
Se as minhas palavras escritas com brio
me parecem lúcidas, porque ri a ridícula folha

Interrogo a folha silenciosa e quieta,
porquê se ri de mim,
Ela responde calmamente
as palavras podem estar lúcidas, mas tu não!
És poeta, sonhador e louco.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 28 de maio de 2013

Saudade em noite de breu



Seus olhos veem estrelas ou anjos na noite de breu,
pensamentos que se perdem em caminhos de fantasia,
serão anjos que ela vê, porque não há estrelas no céu,
ou talvez a saudade que do seu amor, sua alma sentia.

Sentada na falésia, passeia o seu olhar sobre o mar,
busca a ilusão do seu sentir, ao navegar na escuridão,
ouve murmúrios do mar ou talvez seu coração a chorar
pela ausência do seu amado, que lhe traz muita solidão.

Suspira ao sentir o abraço do manto da noite escura,
sente-se acariciada pela brisa que lhe sussurra docemente,
os seus lábios tremem no desejo de incontida secura
pela ânsia de abraçar o seu amado, que longe, está presente.

A noite faz-se companheira dos ais de nostalgia
nas horas que se arrastam lentas
em compasso com o coração acalentado no seu peito,
escaldante de amor
A maresia é alento para enfrentar os minutos cansados
da ausência do seu amor que tarda,
a felicidade será completa no encontro que se fará.

 José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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