terça-feira, 28 de agosto de 2012

O vento no meu peito




O vento açoita-me fortemente o meu peito,
com a raiva incontida de noites de tempestade,
no meu coração enfraquecido pela saudade
e alma sofrida pela desilusão!
Estremeço a cada rajada,
que me fustiga o mais profundo de mim,
suspiro na ânsia que a dor me provoca,
em me libertar deste flagelo;
Desfaleço-me na incapacidade
de me revoltar!

Desperto desta letargia infligida,
grito ao céu que me ouça,
que me devolva a alegria do meu viver
e  me faça esquecer
a escuridão dos momentos,
das noites de silêncio
e me deixe ser abraçado
pela suavidade do manto azul do luar!

Cala-se o vento,
Sossega-se-me o coração,
Acalma-se-me a alma,
O luar anima-me em seus braços,
Deixo-me levar nas asas dos sonhos.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

E assim vai este mundo




Quero ser a força que tudo enfrenta,
Com a tenacidade de verdadeiro vencedor,
Detesto tanta maledicência sebenta,
Que vejo por aí, neste mundo de horror.

Gente desalentada que é contra todos e tudo,
Em gestos e linguajar de ofender e magoar,
A cada dia mais me espanto e me quedo mudo,
Sempre com a esperança que algo vá mudar.

Quem muito reclama e perturba, é na verdade
Os que menos motivos têm para o fazer,
Pois vivem normalmente numa outra realidade,
Que não a dos humildes no seu viver.

É um mundo de contrastes assustadores,
Pela vaidade, presunção e desumanidade,
Mais parece uma verdadeira câmara de horrores,
Em que temos de viver com alguma dificuldade.

Mas como sou positivo, espero mudança,
A humanidade um dia, terá no coração só amor,
Depois da tempestade sempre vem a bonança,
É assim que penso e desejo com muito fervor.

Constantemente pela negativa somos confrontados,
Génios que se acham donos da verdade e da razão,
Talvez pela infelicidade de serem seres mal-amados,
Imbuídos de sentimentos, com ódio no coração.

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Guerra




Sibilam as balas, como cometas,
que penetram em corpos exaltados,
de ânimos perturbados,
por razões de que nem eles sabem!

Correm assustados, para se abrigarem
onde não existe abrigo,
mas sim desolação nas paredes caídas,
pelos morteiros de canhão!
O sangue escorre por rios de dor,
corpos esventrados,
pela estupidez dos que se acobardam nos gabinetes
e fazem dos inocentes,
os alvos do seu poder e maldade!

Maldita guerra que aniquila as boas vontades
e transforma a paz em tortuosa raiva fratricida!

Crianças que choram os pais,
estendidos pelo chão da morte que não desejam!

A pequenez das mentes dos autores
deste teatro diabólico, sedentos de poder
riem-se no desejo da cena de vitória,
ignorando o povo que morre inutilmente!

Que mundo este, de tamanha crueldade,
de interesses mórbidos,
onde a vida humana não tem valor,
porque os interesses da vaidade
são superiores à própria vida.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A canoa e o farol




Minha doce garota, minha canoa...
Vem, navega até mim...ao teu farol,
encosta a tua popa ao meu peito
e descansa das amarguras que a vida te tem criado!
Verás, que no remanso das ondas,
que se desfazem em alva espuma aos nossos pés,
te sentirás aconchegada!
Irradiarei a luz que te guiará
e protegerá, por esses mares de tormentas...
E tu em troca, dás-me a maresia dos teus beijos!

No baloiçar da nossa paixão,
estará o embalo do nosso prazer,
juntos navegaremos,
sob o manto do luar
que se reflete no dorso deste mar!
Quando o tempo se fizer bonança,
seremos o fogo do nosso sentir,
na paixão que se acenderá em nossos corpos!

Deixaremos a quimera da parábola
de um farol e uma canoa,
ao entrarmos na realidade,
vivendo este amor em harmonia,
na frescura da areia molhada da praia,
que se faz nosso leito.

José Carlos Moutinho

sábado, 18 de agosto de 2012

Sentimentos




Recorda-se nas margens da sua solidão,
por estradas de paixões ausentes
e pelos atalhos de beijos perdidos,
nas noites de luar apagado!
Esmorecia-se nas emoções adiadas,
pelos desencantos de sorrisos escusados
e das palavras abafadas pelo som do silêncio!

Dias que se moviam na calosidade do tempo,
lentos, pelos instantes sem a luz do amor,
que viesse acariciar o seu peito frio
pelos invernos da melancolia,
que lhe moldava o seu viver,
tolhia o seu sentir!

Tempos de sentimentos nublados
por nuvens de desânimo,
que o manipulava contra os seus desejos!
A felicidade tardava, agarrada aos anos
que lhe endureciam o corpo
e lhe torturavam a alma;
E sofria, num silêncio impotente
pelas amarras que a sua mente permitia.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Cartas de Amor




Em tempos idos...Oh..quanto tempo,
Recebia cartas com letras de poesia,
Que me falavam de amor a contento
E que eu lia com avidez e imensa alegria.

Mas tudo passa nesta vida que corre,
As cartas desapareceram com os anos,
É mais um sentimento que morre
E que deixa saudade e muitos danos.

Mas agora as cartas de amor são mensagens,
Não têm o encanto e o romantismo de outrora
E como agora, tudo na vida são passagens,
Na vez de cartas, apreciemos a beleza da aurora.

Mas que as saudades ficaram daquelas cartas
É uma verdade, que não conseguimos esquecer,
Porque nelas o amor e a paixão eram como marcas,
Que nos moldavam o coração no nosso viver.

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Luar de Agosto




Ah...Se eu fosse poeta,
e pudesse recriar o mundo,
faria da vida, o luar de Agosto!
Deixaria que a lua cheia
penetrasse luminosa nos corações,
de tanta gente que sofre
e que o calor deste Agosto,
fosse o abraço e o afago para os infelizes,
o alimento que mitigasse a fome!

Sob o manto deste fascinante luar de Agosto,
faria do chão duro e infértil,
o leito da fartura e da felicidade!

Ah...Se eu realmente fosse poeta
e tivesse o dom divino,
de fazer soltar o sorriso
em bocas fechadas,
pela dor da solidariedade ausente,
seria uma pessoa feliz,
acabaria com todos os males do mundo,
na bênção deste luar majestoso de Agosto!

Mas não sou poeta,
nem tampouco tenho o dom divino,
sou somente um ser, com sorte
de poder olhar este luar de Agosto,
com a tranquilidade do meu sossego,
e, de estômago aconchegado.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Alma ferida




Sinto a alma ferida
por ventos, que vindos de longe me acutilam,
são invisíveis no seu magoar,
abalam-me o sentir
e eu sem coragem, 
deixo-me enredar por esta teia de dor!
Entorpeço-me nos pensamentos combalidos,
a visão tolda-se-me,
escurecem-se os meus anseios!
Vagueio por caminhos imaginados,
perdido no sinuoso do meu querer,
procuro encontrar a janela da liberdade,
que me solte este penar desatinado
e sair, ainda que em atropelos,
por esse mundo de esperanças vãs,
cair no abraço de um sol que me aqueça
e derreta o frio
que congelou as minhas emoções!

Quero sair desta apatia
que me amarra...
E ir em busca de ilusões,
ainda que sejam utópicas
e voar em sensações novas
no dorso de nuvens quiméricas!

Quero sonhar,
sair desta realidade,
que me cativa no meu sofrer
e me sufoca no meu viver!

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Teu corpo em brasa




Quero soltar-me deste teu fogo que me sufoca
e me deixa em delirante estado de espírito,
mas que no meu mais profundo íntimo
não desejo...
Sinto-me afogueado por um sentir
que me atira, em lava de prazer,
pelos declives do teu corpo em brasa!

Apelo à brisa que nos acaricia,
o ar que me permita respirar,
na ânsia do teu querer,
que nos arrefeça as emoções,
tornadas inconscientes
por este fogo desatinado,
de dois corpos em êxtase!

Acalmados pelo cansaço do devaneio,
Descansamos no suor que nos alaga,
dos poros dilatados,
na volúpia da razão sossegada.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Mutação humana




A cada dia, mais as desilusões são patentes,
nas mutações dos comportamentos,
que como pântanos de águas turvas,
nos engolem pela ausência de boas intenções
e nos levam a pensar se o errado é o certo,
ou vice versa...
numa parafernália de emoções díspares!

Sinto que estamos todos perturbados,
por alguma insanidade repentina,
que nos tolhe a razão
e nos lança por caminhos torpes,
onde o respeito é palavra vã,
a vaidade e a mentira são imperativas!

Que mundo é este, onde a amizade
vai perecendo em campos de batalha,
de uma guerra estúpida e incoerente,
de irracionalidade humana...
Onde os nobres valores se perdem
e se exaltam maquiavélicos defeitos,
pela ausência de pureza dos sentimentos,
que outrora eram parte integrante
do viver de todos nós!

Assusta-me imaginar o futuro da espécie humana,
nesta louca caminhada de vazios,
onde se fazem presentes,
desatinadas e frias emoções!

José Carlos Moutinho

Rio da minha vida




Sinto no murmurar das águas
deste rio da minha vida,
onde navegávamos na mansidão do luar
e rejubilávamos na alegria da juventude,
as melodias da felicidade,
acariciadas pela brisa daquele tempo,
de palmeiras verdes de esperança,
onde as brumas da incerteza não existiam!

E agora, contemplando o caudal deste rio
ressequido por este tempo que se faz presente
sufoco o choro de lágrimas da nostalgia,
que me aperta o peito, na dor feita saudade!
E aqui estou, sentado, nas areias que margeiam
este rio cansado, pelas mágoas do seu percurso,
esperando nova brisa que me sopre forças,
para continuar a navegar neste leito seco
e chegar ao remanso da minha tranquilidade!

Anseio por novos rios, num tempo
que se faça fértil e de águas calmas,
navegue por entre campos floridos,
ao som melodioso dos chilreios
de aves encantadas,
de cores garridas da paixão,
ao encontro de um novo viver.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Apatia




Nesta apatia que invade o meu ser,
levo-me por caminhos e fragas da minha alma,
ao recôndito das minhas recordações
de outros estados de espirito,
onde eram vividas intensamente,
as emoções nascidas das ilusões,
tornadas realidade
pelas paixões soltas, como o vento,
voadas por céus de resplandecente sol,
onde só a felicidade tinha lugar,
pelo encanto da juventude!
Anseios que se tornavam latentes,
pelo ardor da sensualidade!

Ah...
Como gostaria de acordar
na alvorada daqueles tempos,
sair deste torpor delirante,
ter a agilidade que me fazia correr,
mesmo sem destino,
pelas estradas que a vida me oferecia!

Só me resta aceitar o passar das horas,
lutar para não me deixar soçobrar,
nas águas que banham o meu futuro.

José Carlos Moutinho



http://soundcloud.com/jos-carlos-moutinho/apatia

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Mudar de vida




Ah...Mas quantas vezes me revolto com a vida,
Como se fosse ela a culpada de tanta desilusão,
Quando na verdade os problemas e dor sentida,
São somente mágoas que me sufocam o coração.

Penso para mim e digo em voz alta, que vou mudar,
Que esta maneira de viver não tem razão de ser,
Vou procurar outro caminho sob o manto do luar
E tenho a certeza que vou melhorar o meu viver.

Vou, pois, amigos, tenazmente mudar de vida,
Nem que para isso tenha de escalar montanhas,
Descer por precipícios, como se fossem avenida,
Mas vou MUDAR DE VIDA, conseguirei esta façanha.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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