quinta-feira, 21 de junho de 2012

Olhar sem ver




Quero olhar em meu redor
e admirar como se fosse a primeira vez,
o que vejo...
Ou talvez, extasiar-me como se fosse a última vez!

Passamos tantas vezes pelo mesmo local
sem nada vermos;
Fazemos da vida, uma corrida, sem paragens
para nos deliciarmos com a beleza
que aos nossos olhos se oferece generosamente!

Talvez o poeta veja de outro modo,
as coisas que o rodeiam
e pense:
“Se eu perecer, vou deixar de ver tudo isto,
então deixo-me levar num deliciar,
enquanto me é possível estar por aqui
e darei mais valor ao que os meus olhos acariciam!”

Na monotonia do quotidiano,
todos os dias se vê a mesma imagem
no mesmo local...
Se alguém perguntar, de repente, de que cor é...
Ninguém sabe,
porque as pessoas veem,
sem ver!

E desperdiçamos tanto,
do nosso pouco tempo
sem a consciência da nossa cegueira,
que só se torna visão da árvore,
quando a folha perene se faz ausente!

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Silêncios



Hoje quero abrir a caixa do silêncio
das palavras que jamais me disseste,
pois tantas vezes me deixaste suspenso,
no acreditar que alguma vez me quiseste.

Assim me entrego ao caminho da mudança,
encontrarei sorrisos de alguém que me ame,
deixarei no silêncio a tua lembrança
pelas palavras de alguém que me chame.

O orgulho e a vaidade são maus parceiros
e quando se pensa que se está garantido.
é na perda que se descobrem os verdadeiros
sentimentos e, na dor, o amor perdido.

Sei que vou mudar o sentir do meu coração
faz-se imperiosa e real essa necessidade
na mulher que se entregue com paixão
e no silêncio do amor, seremos felicidade.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Desperto-me




A tarde esmorece, esconde-se no aconchego da noite!
Eu aqui, só com os meus pensamentos,
sentado nas pedras desta falésia,
penso-me no topo do mundo!
Deslizo-me sobre este mar infinito,
no murmurar das ondas, ouço-te!
A tua voz entoa-me melodias de paixão,
fala-me dos instantes de ausência,
que a razão desconhece,
beija-me com o calor dos teus rubros lábios!
Penso-me na tua presença,
sinto-te nos meus braços,
ou será o sonho que me invade,
no meu desejo de te ter agora?
A brisa suave, doce e quente da Primavera
invade-me no meu respirar,
com ânsia de absorver o teu perfume!
Penso-me contigo na espuma alva,
acariciados pelas ondas, que rolam em orgia,
Lá em baixo, na praia,
desperto-me...

José Carlos Moutinho

sábado, 16 de junho de 2012

Rio do silêncio




Os meus anseios arrastam-se pelo rio do silêncio,
desfazem-se em metáforas de ilusões,
no fundo da cascata de utopias,
que choram nos salpicos de água,
como lágrimas de tristeza,
que afogam recordações,
no pó das margens secas da saudade!
Amores que se perderam na correnteza
do passado, vividos em paixões platónicas
que doíam o coração
e sufocavam a alma!
Suspirares perdidos nas brumas da incerteza,
nos abraços que não se fizeram
e nos beijos jamais beijados!
Palavras caladas na escuridão do desejo,
sorrisos perdidos,
no sopro de ventos desencontrados,
levados no desanimo da vontade cansada
e na fragilidade que fustigava a coragem
destruindo todo um querer em amar.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 12 de junho de 2012

No silêncio do meu sentir








Murmuravam-me as mariposas, em sorrisos de flores,

Nesta tarde que me acolhe mansamente;
Dizem-me palavras que o vento lhes soprou,
Na estrada perdida da tua ausência,
Falam de abraços que se perderam,
Nos instantes de intranquilidade,
Que o tempo não conseguiu esquecer
E dos beijos reprimidos na ânsia de os receber!

Nesta acalmia dos meus pensamentos
E no silêncio do meu sentir,
Deixo-me levar em voos de alvas nuvens,
Sobrevoando planícies de sensações,
Na avidez do nosso encontro
E quando isso acontecer,
O abraço perdido,
Tornar-se-á alvorada do nosso querer,
No navegar por mares de paixão
E encontrará o nosso porto,
Nas areias das nossas ilusões,
Acariciados pela espuma das ondas

José Carlos Moutinho

Ilha de S.Miguel




Ilha de S.Miguel

Hortênsias que ladeiam as estradas e caminhos
Com as suas variadas cores.
Verde a perder de vista, em campos de encanto;
Lagoas que se aconchegam no sopé das montanhas,
Criptomérias altivas e elegantes,
Em postura simples de beleza
E flores multicoloridas, espécies endémicas!
Filigranas de terras verdes,
Divididas por muros naturais de pedra,
Como retalhos de uma manta fantástica,
Ou talvez bordados caprichosos!
Vacas pachorrentamente pastam em declives
Que a física certamente não explica;
Extensas plantações de chá, verdejantes, como jardins!
As fumarolas e as caldeiras, fumegantes e escaldantes,
Fenómenos de expulsão de gazes,
Que a razão da Natureza inventa,
Para que a acalmia das suas montanhas,
Não seja perturbada pela explosão dos seus vulcões,
Que embora belíssimos, são terríveis também!
E os olhares perdem-se na vastidão do mar,
Que circunda todo este paraíso terrestre;
Todavia, aqui e ali, essa encantadora visão
É alterada pelas brumas que invadem a paisagem,
Talvez no desejo de esconder o místico que a saudade contém,
Na partida feita distância de tantos em tão poucos,
Na busca de melhor vida!
E nesta Ilha de seu nome, S.Miguel,
Encontra-se a paz, as flores deslumbrantes, o sol, o verde, o mar,
Enfim...O fascínio que encanta a alma...
E um povo orgulhoso da sua insularidade.

José Carlos Moutinho

S.Miguel - Açores




Tanto mar, tanto mar...
E o olhar perde-se no horizonte
Se a bruma não quiser dificultar
E esconder o que está por detrás dela,
Talvez o amor que partiu e quer voltar!
Tanto mar, tanto mar...

Olho em minha volta,
O fascínio toma-me,
Perco-me em pensamentos,
Entre tanto verde, tanto verde...
De esperança de que a saudade
Devolva quem teve de partir um dia,
Deixando esta beleza, que não alimentava o corpo,
Mas somente a alma e as ilusões!

Tanto verde, tanto mar...
Lagoas como miragens divinas,
Caldeiras e Fumarolas,
Escaldantes válvulas de escape
Do respirar dos pulmões da terra,
Para que esta se acalme e não irrompa em belas
Porém mortíferas explosões
Dos assustadores vulcões!
Tanto mar, tanto verde...
Simbiose hídrica do azul belíssimo do mar,
Com a flora transbordante de vida milenar!

E eu perdi-me no paraíso desta ilha
De deslumbrante encanto,
Que me recebeu sorridente, com sol brilhante
Mas também me mostrou, como pode ser irritante
Com a sua bruma que tudo esconde.
Obrigado S.Miguel, Um abraço Açores.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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