sábado, 16 de junho de 2012

Rio do silêncio




Os meus anseios arrastam-se pelo rio do silêncio,
desfazem-se em metáforas de ilusões,
no fundo da cascata de utopias,
que choram nos salpicos de água,
como lágrimas de tristeza,
que afogam recordações,
no pó das margens secas da saudade!
Amores que se perderam na correnteza
do passado, vividos em paixões platónicas
que doíam o coração
e sufocavam a alma!
Suspirares perdidos nas brumas da incerteza,
nos abraços que não se fizeram
e nos beijos jamais beijados!
Palavras caladas na escuridão do desejo,
sorrisos perdidos,
no sopro de ventos desencontrados,
levados no desanimo da vontade cansada
e na fragilidade que fustigava a coragem
destruindo todo um querer em amar.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 12 de junho de 2012

No silêncio do meu sentir








Murmuravam-me as mariposas, em sorrisos de flores,

Nesta tarde que me acolhe mansamente;
Dizem-me palavras que o vento lhes soprou,
Na estrada perdida da tua ausência,
Falam de abraços que se perderam,
Nos instantes de intranquilidade,
Que o tempo não conseguiu esquecer
E dos beijos reprimidos na ânsia de os receber!

Nesta acalmia dos meus pensamentos
E no silêncio do meu sentir,
Deixo-me levar em voos de alvas nuvens,
Sobrevoando planícies de sensações,
Na avidez do nosso encontro
E quando isso acontecer,
O abraço perdido,
Tornar-se-á alvorada do nosso querer,
No navegar por mares de paixão
E encontrará o nosso porto,
Nas areias das nossas ilusões,
Acariciados pela espuma das ondas

José Carlos Moutinho

Ilha de S.Miguel




Ilha de S.Miguel

Hortênsias que ladeiam as estradas e caminhos
Com as suas variadas cores.
Verde a perder de vista, em campos de encanto;
Lagoas que se aconchegam no sopé das montanhas,
Criptomérias altivas e elegantes,
Em postura simples de beleza
E flores multicoloridas, espécies endémicas!
Filigranas de terras verdes,
Divididas por muros naturais de pedra,
Como retalhos de uma manta fantástica,
Ou talvez bordados caprichosos!
Vacas pachorrentamente pastam em declives
Que a física certamente não explica;
Extensas plantações de chá, verdejantes, como jardins!
As fumarolas e as caldeiras, fumegantes e escaldantes,
Fenómenos de expulsão de gazes,
Que a razão da Natureza inventa,
Para que a acalmia das suas montanhas,
Não seja perturbada pela explosão dos seus vulcões,
Que embora belíssimos, são terríveis também!
E os olhares perdem-se na vastidão do mar,
Que circunda todo este paraíso terrestre;
Todavia, aqui e ali, essa encantadora visão
É alterada pelas brumas que invadem a paisagem,
Talvez no desejo de esconder o místico que a saudade contém,
Na partida feita distância de tantos em tão poucos,
Na busca de melhor vida!
E nesta Ilha de seu nome, S.Miguel,
Encontra-se a paz, as flores deslumbrantes, o sol, o verde, o mar,
Enfim...O fascínio que encanta a alma...
E um povo orgulhoso da sua insularidade.

José Carlos Moutinho

S.Miguel - Açores




Tanto mar, tanto mar...
E o olhar perde-se no horizonte
Se a bruma não quiser dificultar
E esconder o que está por detrás dela,
Talvez o amor que partiu e quer voltar!
Tanto mar, tanto mar...

Olho em minha volta,
O fascínio toma-me,
Perco-me em pensamentos,
Entre tanto verde, tanto verde...
De esperança de que a saudade
Devolva quem teve de partir um dia,
Deixando esta beleza, que não alimentava o corpo,
Mas somente a alma e as ilusões!

Tanto verde, tanto mar...
Lagoas como miragens divinas,
Caldeiras e Fumarolas,
Escaldantes válvulas de escape
Do respirar dos pulmões da terra,
Para que esta se acalme e não irrompa em belas
Porém mortíferas explosões
Dos assustadores vulcões!
Tanto mar, tanto verde...
Simbiose hídrica do azul belíssimo do mar,
Com a flora transbordante de vida milenar!

E eu perdi-me no paraíso desta ilha
De deslumbrante encanto,
Que me recebeu sorridente, com sol brilhante
Mas também me mostrou, como pode ser irritante
Com a sua bruma que tudo esconde.
Obrigado S.Miguel, Um abraço Açores.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Palavras caladas




Morrem-me na garganta as palavras caladas,
Aperta-se-me o peito no silêncio sentido,
A tortura dos pensamentos,
Que na minha voz emudecem,
Impotente em gritar o que me vai na alma!

Ela passa na rua da minha paixão,
Indiferente ao conflito, dentro de mim,
Sorri-me no seu jeito sensual,
De fêmea provocante!
Os seus cabelos ondulam com o vento que eu invejo,
Na acaricia do seu rosto!
Penso-me triste e desalentado,
Nas palavras que não me saem do peito
E que eu anseio dizer-te!

Quisera ser o sol,
Que te beijasse a pele morena e sedosa,
Ser o perfume que te inebriasse do prazer de mim
E ser o luar que te abraçasse,
No leito do nosso amor!

Ainda navegaremos no mesmo caudal de paixão,
Que nos levará neste rio de desejos,
Ate’ ao mar da nossa felicidade.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 29 de maio de 2012

Sol que se esconde nas nuvens




Quando as tardes se tornam breves
E o sol se esconde nas nuvens de sonhos desfeitos,
O vento sopra amarguras em folhas ressequidas,
Que o tempo secou na ausência de amor!

O céu de azul apagado,
Contempla-me na sua magnitude,
Entristecido pelo meu desalento,
Tenta sorrir-me,
Mas o esgar dos cúmulo-limbos não permite!
Entro em mim, na minha solidão,
Penso-me nos caminhos das ilusões que se perderam,
Das utopias, que não se concretizaram
E nas sonhadas quimeras que se desmoronaram!

Vidas de conflitualidades
Em vivências descontroladas,
Em que as consciências perdem a razão,
Esquecem a verdade,
Deixam-se cair nos desígnios do coração
E levam-se em espasmos de noites sofridas,
Contorcidas por grilhetas,
De almas apertadas pela tortura
da saudade e carência de felicidade.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

Ver esta publicação no Instagram

Live Planeta Azul Editora

Uma publicação partilhada por Planeta Azul Editora (@planetazuleditora) a