segunda-feira, 20 de junho de 2011

Corpos em desassossego




Crepita-me como fogo
O sangue do meu desejo,
Nas veias da minha paixão
Quando sinto a brisa da tua passagem,
Que me envolve no fogo do meu querer
E cresce célere o anseio de te abraçar!

Sentir-te em meus braços,
Faz-me voar por mundos surreais!

Se me beijas, esqueço tudo,
Menos o gosto do teu beijo
Que é de mel, com sabor a essência de rosas,
Numa mistura que me perturba
E me deixa alucinado,
Levando os sentidos à exaltação
E perda da noção do tempo e do espaço
Numa doce e inconsciente volúpia,
De sensações esmorecidas das vontades,
A um desfalecimento de prazer intenso;

E assim, num abraço intemporal,
Corpos em desassossego,
Perdemo-nos no fôlego ardente dos nossos beijos.

José Carlos Moutinho

domingo, 19 de junho de 2011

As ideias não surgiam




Sentei-me de frente do computador,
Abri o Word, tentei escrever algo
Mas nada de ideias!
Por mais que tentasse, nada surgia
Pensei em coisas dantescas;
Tenebrosas até e comecei a escrita;
Não gostei, apaguei e recomecei
Mas na verdade nada fluía do pensamento!
Insisti, porque não sou de desistir
Assim logo à primeira
E fui jogando palavras, para que o meu cérebro
As passasse para os meus dedos
E estes por sua vez, batendo no teclado
Enviava-as docemente para o computador,
Que se alegrava, com o que ia nascendo;
Afinal, já acreditávamos que alguma coisa viria,
Acreditávamos, eu e o computador
Porque ele também estava descrente;
E ficámos imaginando o amor, vagueando
Por aí, sem rumo, mas sempre em paixão;
Inventámos brisas que acariciassem os desprotegidos;
Criámos sóis, para que aquecessem os esfarrapados;
Moldámos luares, para que iluminassem
Os namorados, que pelos parques se escondiam
E que se deixavam extasiar em seus beijos
Até nos lembrámos de criar um novo Universo,
Em que todos fossem iguais e felizes.
Conseguimos escrever, não foi difícil!

José Carlos Moutinho

sábado, 18 de junho de 2011

O nosso amor de agora




Os teus cabelos grisalhos
Deslizam entre os meus dedos,
Num prazer sem palavras,
Abraçado a um silêncio de êxtase,
Partilhado por este momento único
De inolvidável sensação!
Emoções exaltadas, que se soltam
Numa serenidade de inventado sonho;
As nossas carícias parceiras de longos anos,
Fazem-nos recuar ao mundo das ilusões,
No tempo em que as horas eram minutos;
E em que os dias corriam velozes,
Galopantes, deixando-nos em aflição;
Escoava-se a jovialidade, a loucura irreflectida
Da paixão efervescente, como vulcão,
Do fogo que nos exacerbava o desejo;
Dos beijos sufocantes, intermináveis
E os bailes, em que nos tornávamos um só corpo,
Em total deleite e perda da noção do tempo!
Agora, são momentos de acalmia,
Vivemos o nosso amor de outro modo,
Restando-nos a deliciosa saudade.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Vento das minhas miragens




Na nuvem negra que desce sobre a montanha,
Julgo visionar moinhos de vento
De velas soltas,
Ao vento das minhas miragens;
Os longos mastros, como braços gigantes
De imaginárias figuras exóticas,
Que me levam a um alucinado estado
De discernir, como se algo esotérico
Me empurrasse para uma visão surreal,
Obrigando-me a não desviar o olhar,
Como se estivesse enfeitiçado
Pela figura de uma bela mulher,
Que desponta daquela estranha cena;
Surge bela, elegante de seios soltos
Acariciados pelo vento,
Numa postura de provocante sensualidade;
Fascina-me pelo inesperado
E faz-me pensar se sonho,
Ou se entrei em algum estado de letargia;
Quiçá, esteja perturbado pelo desejo
De querer uma imagem assim!

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Mar de girassóis




Levo-me no sopro do vento
Por esta estrada de quimeras,
Que serpenteia pelo mar de girassóis,
Tal galáxia de vários sóis,
Nesta minha visão mirabolante,
De um mundo de fascínios;
O dourado das suas pétalas,
Que rodeiam o seu coração,
No receptáculo de coroas celestiais,
Suportadas pelos caules que oscilam ao vento,
No deslumbrante verde das suas folhas,
Por onde deambulo, floresta imaginada
E como se fosse o paraíso, relaxo
Numa acalmia que me alucina;
Elevo-me numa sensação de paz
E envolvo-me em pensamentos soltos,
De emoções belas e vadias,
Livres nas fantasias e ilusões,
E voo nas plumas do sentir a vida.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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