domingo, 12 de novembro de 2017

Sem mágoas nem recalques

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Triste, quando a frustração e o recalque
ofuscam os olhos e a própria alma
de gente, que talvez pertença a almanaque
de uma infelicidade que nunca as acalma

Há dias numa festa de alegria e saudade
houve críticas porque alguém usava
trajes típicos capulana ou bubu, sei lá,
são trajes de uma beleza que não acaba,
dizem esses, que não deviam usar-se cá

Tantos anos se passaram e não aprenderam
que ódio é um sentimento de infelicidade,
e reviver momentos bons que se viveram
tem o dom de mostrar feliz sensibilidade

Criticam os que em África não nasceram,
mas que nas festas são os que mais vibram,
talvez sejam os que nunca esqueceram
o encanto daquelas terras que ainda amam

Nativo não significa saber amar e perdoar,
quem por lá viveu sentiu na alma o perfume
das acácias em flor e do azul daquele mar,
vivam, gente triste e recalcada, sem azedume

Assim a todos, eu digo, que bebi água do Bengo,
e quem dela bebeu, dizem, que jamais se esquece,
não sou angolano, mas daquele chão solarengo
sinto uma saudade que o meu coração entristece


José Carlos Moutinho

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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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