quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O espelho



Olho o espelho, que na minha frente me olha
E não vejo nada, absolutamente nada,
Ou melhor...
Vejo uma luz mortiça,
A luz que me tem iluminado
Ao longo da minha vida
Que agora se esvanece
No crepúsculo da minha existência!

Volto a olhar fixamente o espelho
Frio, impávido,
Que insiste em me mostrar o nada de mim,
Tento sorrir para o iludir,
Desejando que ele me mostre o meu rosto,
Mas ele simplesmente
Mantem sua postura arrogante
E indiferente e continua a mostrar-me nada,
Que me perturba,
Deixando-me a pensar se na verdade
Eu sou alguém,
Ou não passo de nada!

Grito para o reflexo negativo de mim,
Quero sair dali
E gritar a minha revolta,
Porque o espelho me acha nada,
Sinto a minha alma calar fundo
As palavras que profiro desalentado
Pela minha frustração
De um viver triste,
Pelas longas noites de trevas
Que as tardes ensolaradas
Não conseguiram iluminar!

Desisto, resignado de olhar o espelho.

José Carlos Moutinho.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

Ver esta publicação no Instagram

Live Planeta Azul Editora

Uma publicação partilhada por Planeta Azul Editora (@planetazuleditora) a